Relato da Rita Karla* do Rio de Janeiro

Por incrível que pareça, na pandemia pude ter várias descobertas. Sempre fui uma pessoa de espírito livre e apesar de já ter tido parceiros fixos, estava a bastante tempo em relações casuais. Na pandemia conheci uma pessoa pela Internet e comecei a trocar intimidades com ela. Coisa que não costumo fazer pela Internet. Alguma coisa me fazia sentir atraída e segura. Quando o índice de covid deu uma trégua, nos conhecemos e começamos a ficar, fomos ficando, ficando e acabamos estabelecendo um relacionamento fixo. O bom é que como eu, ele também se cuida. Topou fazer todos os exames de IST comigo e os dois estando seguros engatamos um relacionamento leve. Nesse período pude realizar várias fantasias, descobrir novas sensações por ter um parceiro que como eu aceita e topa essas descobertas. Lógico que houve a época da insegurança, do medo. Mas quando a relação é de confiança e você se sente acolhido pelo outro, tudo fica mais fácil.

Não é apenas por ser uma relação fixa, mas por ter lealdade e cumplicidade. Estou fazendo planejamento familiar como parte dos cuidados pessoais, apesar de já ter filhos adultos e não estar pensando em ser mãe neste momento. Uma coisa que aconteceu foi a diminuição da masturbação. Talvez porque meu parceiro e eu sejamos muito ativos. Mas não sei realmente que é por isso. Uma coisa chata que aconteceu muito foi de homens usarem a frase “somos adultos” para querer trocar nudes de uma forma meio que invasiva durante a quarentena. Isso me irritava muito. Aconteceram algumas vezes que alguns queriam vir a meu encontro mesmo em quarentena. E lógico, isso me afastava desses homens. Resumindo, eu continuei e até intensifiquei os cuidados com a saúde sexual na pandemia, visto que antes meu tempo não me deixava tanta opção para me cuidar.

[*Os nomes são inventados.]

Dados gerais da autora do relato:

#RJ #44anos #Parda #NaoTemReligiao #EnsinoSuperiorIncompleto

Publicado por Grupo RepGen

Grupo de Pesquisa Gênero, Reprodução e Justiça - RepGen. Reúne pesquisadoras da UFBA, Fiocruz e UFRJ.

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